"Não há nada tão aterrador como um homem verdadeiramente justo."
- Lord Varys, a falar do Stannis Baratheon
Esta frase fez-me lembrar de um tema complicado: cada vez fico mais com a impressão que o termo "justiça social" é um eufemismo para alguns tipos de injustiça.
Exemplo para ilustrar... isto é complicado, leiam até ao fim. Alguem que nasça com uma deficiência, do ponto de vista dos valores que temos actualmente, é uma injustiça tremenda. E de facto, quem nasce assim não tem culpa nenhuma que lhe tenha acontecido isso.
No entanto, do ponto de vista das regras* do mundo Natural, não tem nada de "injusto"**: é apenas o resultado do património genético que recebeu dos pais, em conjunto com os factores ambientais a que esteve exposto durante o desenvolvimento (etc, etc...).
É por nós acharmos que isso é uma injustição que falamos de "justiça social". E o que se faz nesse caso? Tenta-se facilitar a vida, dando apoio que de outro modo não teria. E de onde vem esse apoio? Vem dos que estão bem, que podem dar a quem não pode.
Mas não é isto injusto? Eu não tenho nada a ver com a outra pessoa, porque é que vou ter que estar a pagar por ela, por algo que não tenho nada a ver?*** E se formos a ver, provavelmente é injusto. E é por isso que não há nada tão aterrador como alguém verdadeiramente justo.
Que fique claro: estou a favor de medidas de solidariedade, e de tudo o que torne, a longo prazo, este mundo um lugar melhor para viver. Se formos a ver, o mundo Natural, só por si, é um lugar relativamente "justo"**, é regido por uma série de regras e simplesmente segue essas regras. Mas é um sítio duríssimo para se viver. Um dos maiores contributos da civilização é mesmo poder domar um pouco este mundo, torná-lo um sítio mais fácil onde viver.
O ponto disto é que, quando falamos de "justiça social", não é de justiça que queremos falar, mas de solidariedade. Portanto, o que me leva a escrever isto é o próprio termo "justiça social", ter noção do que se está realmente a dizer quando se usam essas palavras. Porque nós usamos palavras e símbolos para pensar, se não se usar bem essas palavras e símbolos, não vamos poder pensar bem.
*http://xkcd.com/435/ (já agora, "pure" não quer dizer que seja "melhor")
**Tenho dúvidas sobre se faz sentido usar a palavra "justiça" quando nos referimos a algo como o mundo Natural.
***Aceitamos estas injustiças porque no final, podemos ficar todos a ganhar com elas. Não só porque podemos beneficiar directamente se nos calhar a nós ficar em má situação, como gera um ambiente mais seguro para se viver.
Há um caramelo a falar no Prós e Contras agora (não sei o nome) a falar de imigração e chama isto de mobilidade social. Não há ali ninguém que lhe diga que mobilidade social tem a ver com mover-se na "escala social" (e.g., passar de pobre para rico, e vice-versa) e que não tem a ver com mover-se de um lado para o outro?
Sempre tive dificuldade em perceber como é que os short-sellers conseguem fazer dinheiro com as perdas dos outros. Mas finalmente percebi, pelo menos uma maneira.
Pelos vistos não é muito difícil: começa-se por pedir alguma coisa emprestado (parece que pode ser qualquer coisa, mas são normalmente acções ou algum tipo de divisa). Vende-se o que se pediu emprestado, espera-se que isso baixe de valor, e compra-se de volta a um preço mais baixo. E pronto, já está. Devolve-se o que se pediu emprestado (e mais uma taxa pelo empréstimo) e fica-se com a diferença.
Ao vender o que se pediu emprestado, fica-se com "dinheiro na mão". E se em vez de ficar parado, à espera que o que se vendeu baixe o preço, se se investisse em coisas que esperamos que vá valorizar?
Parece que é mais ou menos isso que os hedge funds fazem: ganham dinheiro com as flutuações do mercado. Como as flutuações normalmente não são muito grandes, pede-se grandes quantidades em coisas emprestadas, para multiplicar o efeito. É uma maneira de ganhar muito dinheiro muito rapidamente, mas como se viu, também se pode perdê-lo muito rapidamente.
Como já foi dito aqui, o título desta notícia do Jornal de Negócios está errado. É bom para lembrar que é preciso ter cuidado com as notícias (e ainda por cima é um jornal especializado...).
O Krugman não recomenda um corte de 20%... afima que para as coisas se equilibrarem, seria preciso que os salários da periferia descessem 20% em relação à Alemanha (durante os próximos 5 anos). E tem defendido (como por exemplo aqui) que este ajustamento pode ser feito de parte-a-parte: em vez de de ser só a periferia a cortar, a Alemanha pode gastar mais, para compensar (o que interessa é a diferença entre os dois).
Aliás, em termos económicos até poderá fazer mais sentido assim, se os países da periferia cortarem todos, e nenhum compensar, a economia terá ainda mais tendência a contrair.
Para quem conhece o Eixo do Mal da Sic Notícias, é assim mais ou menos parecido, mas com piada.
( e tem lá o Ricardo Araújo Pereira =) )
Para quem não sabe, elessãocomediantes =) Tirado daqui.
Afinal o Sócrates tem espírito de auto-crítica. Já o tenho em mais consideração, só por causa disto:
"já tinha visto muita coisa na vida política portuguesa, mas agora que se apelasse aos socialistas para fazerem um voto inútil contra tudo aquilo em que acreditam é que nunca tinha visto na minha vida"
Ideologia - Fazer as coisas por se achar que é assim que devem ser feitas.
Pode funcionar, pode não funcionar, o que sabemos é que se fizermos aquilo que achamos que deve ser feito, só pode ser bom.
Vejo tanto comentário "ruim" nos sites de notícias portugueses que até parece que alguém anda a pagar para que as pessoas falem assim. Bem, não seria a primeira vez.
E ainda tenho em consideração que o português é alguém que (infelizmente?) gosta de falar mal dos outros! Mas tantos dos comentários soam tão forçados e despropositados que fica difícil acreditar que são todos "sinceros".
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